“Assimetria das curvas dos rios daquelas matas interiores tocando as linhas retas das estradas da Nova Ibéria; anúncio do novo com seus chips eletrônicos e suas danças para chuvas”.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Zumbi abrindo Xingu II

A negro leo.

Sob os pés da humanidade de cinza tez
A quentura do magma
Feito preto-feijão em panela véia a destroçar nervos,
Doce sumo revolucionário do que resta
Do banquete de rosada gente.

Sobre os cílios que farfalham em sorriso-bananeira,
Ventos intrépidos, quiçá tambores de guerra,
Toda pressão da atmosfera em banho crepuscular
Que comprime argolas e patíbulos
Em carne crua e magra,
Preta carne num caledoscópio sem cores.

O sangue festivo quando não arde em pus de ferida aberta,
Explode vermelho em cantiga de noite
Quando os senhores dormem seu sonho culpado
E a canalha dorme em sonho acordado.

Pra lá do poente neon-anil,
Ver-te em sons é expurgar o pecado da cor
É fazer-te em preto-escuro, quase rubro,
Esta noite clara e sem estrelas.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Pão de doce

Antes d'ocê, o Sol que acordava em minha boca perdia-se em sujeira rabiscada em papel de pão dormido... olhos arregalados de poeta insone que escreve pra sentir um bocadinho neste deserto encrespado de minh'alma...

Agora, óia o solzão que faz quando é noite e ainda é dia. Qual rabisco se a boca freme irradiações solares de um beijo estendido que arregala a vida, e se do pão dormido faz colorido doce?!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Convite

Para Denise

Uma noite desperta dias esquecidos, estes que se escondem por detrás das horas sisudas alardeando atrasos que nunca se atualizam. Por trás dos dias medidos, contados a régua e compasso, chuva suave em terreiro encrespado, vovó depenando galinha, manga verde na véspera do doce sumo... Naquele tempo que sonhávamos, e não sabíamos discernir as coisas...

menino era o barro que pisava, verde era o vento nas bananeiras, gozo era o farfalhar dos porquinhos.

Saiba que desta noite, a vida a pulsar sobre os ponteiros, levo um gosto de criança em tempo cuja brincadeira mais séria do mundo é criar e desfazer castelos de areia... levo uma sabor no corpo, a vontade de ser mais contigo, o anúncio de um beijo que acalma e atormenta. A noite em mim se fez poesia, e agora com o sol já bem alto, tudo que é belo tem o teu rosto, todas as ruas levam o teu nome, um desejo, um sonho, um convite:

"Vamos nos jogar onde já caímos????"