“Assimetria das curvas dos rios daquelas matas interiores tocando as linhas retas das estradas da Nova Ibéria; anúncio do novo com seus chips eletrônicos e suas danças para chuvas”.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Antônio

Vovô enchia caminhões de areia esvaziando o rio
Eu carrego o nome.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Boa Esperança

A chuva desliza em leito frouxo.
Toca a terra a beira das casas de taipa desses ermos onde terra quase não há.
Há beiras e cigarros mascados, pinguelas e cãezinhos chorosos debaixo de pontes cambeiras.
Os sapos prolongam a rouquidão da noite,
E dia não há para os olhos acordarem febris como o sol.
As cores se exilaram, e a imensidão é cinza.
As hortas afogam em prantos. Haverá fome.

Quisera o rio se acometer da frouxidão dos leitos:
Esguio, apruma o corpo com brabeza.
Grosso de barro até as tampas, lambe beiras e canelas.
Desdenha as margens e a solidão do que passa.
Surdo com seu rumor de animal enredado,
Não espera o sol desvanecer-se de sua mortalha de frio.
Corre reto deslizando nas curvas crispado de chuva e esperança vã.

Vão será o mar de mil afagos e infinitos acalantos?