Debrucei-me sobre as pedras que jaziam impávidas aos pés do mar. As ondas se exibiam majestosas aos casais de namorados. Imóveis, aplaudiam com os olhos o espetáculo tagarela das águas profundas. Relinchavam galopes de sal, musgo, e saudade.
Não me diziam nada.
Fiquei a olhar a robustez do pedregulho desafiador, o seu despir imóvel do manto espumoso que insistente o encobria em vão, o seu silêncio maior que os berros do infinito horizonte. Espertíssimo, fingia de morto como o bicho cascudo agora em meu dedo fingindo ser pedra, tijolo, granito. Por que essa ausência que fere os sensíveis e frustra as paixões?
Debrucei-me sobre as pedras, pequenas cordilheiras de indiferença mineral. Orelha sob o casco duro:
Não disse coisa alguma.
Lua
Há 8 anos