“Assimetria das curvas dos rios daquelas matas interiores tocando as linhas retas das estradas da Nova Ibéria; anúncio do novo com seus chips eletrônicos e suas danças para chuvas”.

sábado, 20 de abril de 2013

"Vede o espectador teatral. Logo que o último ato chega ao meio, ei-lo nervoso, danado por sair. Para quê? Para tomar chocolate depressa. E por que depressa? Para tomar o bonde onde o vemos febril ao primeiro estorvo. Por quê? Porque tem pressa de ir dormir, para acordar cedo, acabar depressa de dormir e continuar com pressa as breves funções da vida breve" (João do Rio).

Seres autômatos desfilam em suas funções diárias cientes de sua liberdade para escolher a cor do refrigerante. Escolhemos também a forma de pagamento quando podemos pagar. Determinismos mil explicam o assombro dessas vidas que passam no trânsito de um estímulo ao outro. Não há afecção, intervalo para o prenúncio do gozo. Há cosquinhas no baixo ventre e a satisfação pueril de quem persegue a todo custo qualquer prazer. Não há introspecção. Há atrofia e explicações sociológicas mirabolantes para o automatismo e o desencantamento do mundo. O mundo encantado é que se aliena dos homens para não participar deste espetáculo tétrico do deboche universal. Os deuses dão as costas. Desencantamento nosso, as coisas do mundo não tem nada a ver com isso. O esforço de humanização nos retira a viscosidade do chão em troca de asfalto, proteção e ordem A arte autômata é objeto do escrutíneo sociológico, produto social, afinal todos somos humanos. Autômatos, mas homens. E de uma ação apressada a outra, a promessa do gozo fugidio do próximo instante ao som de Mr Catra ou Satie. É o império democrático da indiscernibilidade. Saudade minha da escatologia cristã ou marxista ou qualquer metafísica que devolva a grandeza das coisas!

Um comentário:

Fabio Rocha disse...

Achei seu blog de novo hoje. :) O meu novo: http://poesia-fabio-rocha.blogspot.com.br/

Abração!