Muito se diz sobre tudo
Ciência se faz pra entender as coisas
Um beijo pode ser medido? Um carinho raciocinado?
"Pode" - dirão os doutos.
Há entendidos com ar de importância
Bula e cartilha, dedo em riste apontando o caminho
ou rabiscando a revolução nos guardanapos da mesa de bar...
Eu fico quietinho com ar de bobo
Com teu cheiro ainda em mim
Sem entender nada!
“Assimetria das curvas dos rios daquelas matas interiores tocando as linhas retas das estradas da Nova Ibéria; anúncio do novo com seus chips eletrônicos e suas danças para chuvas”.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Indiferença
Debrucei-me sobre as pedras que jaziam impávidas aos pés do mar. As ondas se exibiam majestosas aos casais de namorados. Imóveis, aplaudiam com os olhos o espetáculo tagarela das águas profundas. Relinchavam galopes de sal, musgo, e saudade.
Não me diziam nada.
Fiquei a olhar a robustez do pedregulho desafiador, o seu despir imóvel do manto espumoso que insistente o encobria em vão, o seu silêncio maior que os berros do infinito horizonte. Espertíssimo, fingia de morto como o bicho cascudo agora em meu dedo fingindo ser pedra, tijolo, granito. Por que essa ausência que fere os sensíveis e frustra as paixões?
Debrucei-me sobre as pedras, pequenas cordilheiras de indiferença mineral. Orelha sob o casco duro:
Não disse coisa alguma.
Não me diziam nada.
Fiquei a olhar a robustez do pedregulho desafiador, o seu despir imóvel do manto espumoso que insistente o encobria em vão, o seu silêncio maior que os berros do infinito horizonte. Espertíssimo, fingia de morto como o bicho cascudo agora em meu dedo fingindo ser pedra, tijolo, granito. Por que essa ausência que fere os sensíveis e frustra as paixões?
Debrucei-me sobre as pedras, pequenas cordilheiras de indiferença mineral. Orelha sob o casco duro:
Não disse coisa alguma.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Centro
O centro.
Medem-se distâncias e eqüidistâncias.
O centro de nossas senhoras, sagradas senhoras:
- oh senhoras cujos centros
maculados-pererês-paridos-transbordam
Lobato, coitado, sabia apenas de bordas
Mamãe, de cabaço apertado, prendeu-me em seu centro
Viola e canção em alentos de outrora
“Matuto, eis o fundo das coisas!” – dizia:
- O fundo...
O meio do que nos é posto
O-posto do meio do mundo.
Medem-se distâncias e eqüidistâncias.
O centro de nossas senhoras, sagradas senhoras:
- oh senhoras cujos centros
maculados-pererês-paridos-transbordam
Lobato, coitado, sabia apenas de bordas
Mamãe, de cabaço apertado, prendeu-me em seu centro
Viola e canção em alentos de outrora
“Matuto, eis o fundo das coisas!” – dizia:
- O fundo...
O meio do que nos é posto
O-posto do meio do mundo.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Boa Esperança
A chuva desliza em leito frouxo.
Toca a terra a beira das casas de taipa desses ermos onde terra quase não há.
Há beiras e cigarros mascados, pinguelas e cãezinhos chorosos debaixo de pontes cambeiras.
Os sapos prolongam a rouquidão da noite,
E dia não há para os olhos acordarem febris como o sol.
As cores se exilaram, e a imensidão é cinza.
As hortas afogam em prantos. Haverá fome.
Quisera o rio se acometer da frouxidão dos leitos:
Esguio, apruma o corpo com brabeza.
Grosso de barro até as tampas, lambe beiras e canelas.
Desdenha as margens e a solidão do que passa.
Surdo com seu rumor de animal enredado,
Não espera o sol desvanecer-se de sua mortalha de frio.
Corre reto deslizando nas curvas crispado de chuva e esperança vã.
Vão será o mar de mil afagos e infinitos acalantos?
Toca a terra a beira das casas de taipa desses ermos onde terra quase não há.
Há beiras e cigarros mascados, pinguelas e cãezinhos chorosos debaixo de pontes cambeiras.
Os sapos prolongam a rouquidão da noite,
E dia não há para os olhos acordarem febris como o sol.
As cores se exilaram, e a imensidão é cinza.
As hortas afogam em prantos. Haverá fome.
Quisera o rio se acometer da frouxidão dos leitos:
Esguio, apruma o corpo com brabeza.
Grosso de barro até as tampas, lambe beiras e canelas.
Desdenha as margens e a solidão do que passa.
Surdo com seu rumor de animal enredado,
Não espera o sol desvanecer-se de sua mortalha de frio.
Corre reto deslizando nas curvas crispado de chuva e esperança vã.
Vão será o mar de mil afagos e infinitos acalantos?
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